01. Continuando nossas reflexões dentro do nosso ano de animação vocacional, meditaremos hoje sobre o Batismo. Logicamente, está ele incluído na relação dos 7 sacramentos da Nova Lei, todos instituídos por Jesus. Os sacramentos são sinais visíveis e eficazes da graça de Deus, confiados à Igreja. Canais da mesma graça divina, produzem os frutos naqueles que os recebem devidamente preparados. Graça é o favor, o socorro gratuito que nos é dado por Deus para responder ao seu convite: tornar-nos filhos seus adotivos, participantes da natureza divina (cf. Jo 1,12-18; 2,3; Rm 8,14-17; 2Pd 1,3-4).
Batismo; Eucaristia; Crisma; Confissão; Matriminio; Ordem; Unção dos enfermos |
02. O Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito e a porta que se abre para a recepção dos demais sacramentos. Ele nos regenera pela água na Palavra. Batizar significa “mergulhar”, “imergir”. O “mergulho” na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele “ressuscita, qual nova criatura”. É um banho de regeneração que acontece a partir da água e do Espírito Santo: Ninguém, a não ser que nasça da água e do Espírito, pode entrar no Reino de Deus (Jo 3,5). Em outras palavras, é um ato litúrgico de iniciação no Cristianismo, através do qual somos incorporados e configurados a Jesus Cristo. Trata-se de um banho iluminador:
Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo (2Cor 5,17);
Porque a circuncisão e a incircuncisão de nada valem, mas sim a nova criatura (Gl 6,15);
Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; comportai-vos como verdadeiras luzes (Ef 5,8);
Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas (1Ts 5,5);
E, não por causa de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e da renovação, pelo Espírito Santo que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador (Tt 3,5-6);
Lembrai-vos dos dias de outrora, logo que fostes iluminados... (Hb 10a,32).
03. Na Vigília Pascal a Igreja reza: “Ó Deus, pelos sinais visíveis dos sacramentos realizais maravilhas invisíveis. Ao longo da história da salvação, vós vos servistes da água para fazer-nos conhecer a graça do Batismo”. Desde a criação do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a fonte da vida e da fecundidade. Nosso pai São Francisco a exalta: “Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Água, que é mui útil e humilde, e preciosa e casta”. No Antigo Testamento são figuras do Batismo: a Arca de Noé (cf. Gn 7-8); a travessia do Mar Vermelho (cf. Ex 14); a travessia do Jordão (cf. Js 3).
04. O Batismo é o mais belo dom de Deus, um verdadeiro tesouro. É, por conseguinte, chamado de: dom, graça, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que existir possa de precioso, de valioso. Tem ele as suas exigências, as suas implicações. Faz-nos uma só e mesma Igreja, torna-nos sacrários da Trindade, supõe coerência entre fé e prática e disponibilidade para sermos testemunhas do Ressuscitado, anunciando o Reino (cf. Ef 2,19-21; 4,3-6; 1Cor 3,16-17; 4,3-6; At 12,5; At 1,8; Mt 28,19; Jo 20,21).
05. Francisco, servo e amigo do Altíssimo, a quem a divina Providência impôs esse nome, para que a partir de especial e não habitual nome a fama do magistério dele se difundisse mais rapidamente por todo o mundo, foi chamado de João pela própria mãe, quando de filho da ira, renascendo pela água e pelo Espírito Santo, se tornou filho da graça (1Cel 3,1). Intensamente ele viveu a sua vocação batismal, sobretudo a partir do momento em que a Palavra o tocou em profundidade (cf. 1Cel 22). Isso é generosidade!
Frei José Soares da Silva, Ofmcap. (Org.)
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