terça-feira, 17 de maio de 2011

MARIA, A GRANDE VOCACIONADA DO PAI





01. “Maria, Maria, é o dom, uma certa magia, uma força que nos alerta... Quem traz no corpo essa marca, Maria, mistura a dor e a alegria...”. Neste mês de maio, o conhecido e tradicional “Mês de Maria”, queremos, ainda que rapidamente, redescobrir Nossa Senhora, essa criatura tão perto de Deus e tão perto de nós. “Uma pessoa cheia da luz divina, sem deixar de ser humana”. E queremos vê-la e contemplá-la na sua missão de vocacionada, discípula, seguidora, missionária do Pai.

02. Jesus é o Messias e o Salvador, que inaugura o Reino de Deus, novo tempo de felicidade e de alegria para todos, especialmente para os pobres. Fala da bondade de Deus ao acolher e perdoar os pecadores. Para a implantação do Reino cerca-se de apóstolos, discípulos e outros seguidores. Enfim, acolhe pessoas muito diferentes para a construção do Reino, não importando sua fama, seu passado, sua instrução... (cf. Lc 2,11; 4,8; 5,20; 7,36-49; 8,1s; 9,1-6; 10,1-11).

Na “parábola do semeador”, da terra e da semente, Jesus deixa claro que o seu seguidor e o seu aprendiz necessitam desenvolver qualidades ou atitudes: A que caiu na terra boa são os que ouvem a palavra com coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela perseverança (Lc 8,15). Três palavras-chave resumem o ser-cristão: ouvir, acolher, frutificar. Com esse molde nas mãos, Lucas vai pintar os traços característicos da figura de Maria. Mostra que Ela tem exatamente as qualidades distintivas do verdadeiro seguidor de Jesus. Ela ouve a Palavra com uma fé incondicional, guarda-a no coração com zelo invejável e a coloca em prática com uma fidelidade sem precedentes.

03. Na Anunciação (cf. Lc 1,26-38) Maria acolhe a proposta de Deus, do qual procede sempre a iniciativa. O anúncio do anjo Gabriel tem algo de original, uma vez que não só prepara o nascimento de Jesus, mas também mostra a vocação de Maria e sua resposta generosa. Diante do apelo de Deus, Maria responde prontamente. O seu “Sim” ecoa forte e cheio de generosidade, como a terra virgem que, cheia de viço, acolhe as sementes. Toda disponível a Deus, num entrega repassada de fé, Maria une a liberdade com a vontade: Eis aqui a servidora do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38). Arrisca-se, joga-se nas mãos de Deus com absoluta confiança. Isabel vai relembrar-lhe: Bem-aventurada és tu que creste (Lc 1,45a).

Meditando a Palavra divina no seu coração, e também os acontecimentos (cf. Lc 2,51), Maria nos ensina a cultivar de um modo constante a interioridade e a nos preparar para acolher e vivenciar o que Deus quer de nós (cf. Lc 2,19.51). A exemplo dela, somos convidados a meditar fatos e palavras da vida e da Bíblia, melhorando assim a nossa prática, a nossa vivência cristã.

Maria, de certo, quer a renovação espiritual e apostólica de todos nós que somos Igreja, na resposta de amor e dedicação total a Cristo. Ela que fez a vontade do Pai, pronta na obediência, corajosa na pobreza, acolhedora na virgindade fecunda, seja a nossa estrela-guia na vivência das exigências do nosso batismo.

04. A evidente piedade mariana de São Francisco de Assis foi conhecida e reconhecida desde a primeira geração franciscana. Frei Tomás de Celano assim nos fala: Abraçava a Mãe de Jesus com indizível amor, pelo fato que ela tornou nosso irmão o Senhor da majestade. Cantava-lhe louvores especiais, derramava preces, oferecia afetos tantos e tais que a língua humana não poderia exprimir. Mas o que mais nos alegra é que ele a constituiu advogada da Ordem e confiou à sua proteção os filhos que haveria de deixar para serem aquecidos e protegidos até o fim. – Ó advogada dos pobres! Cumpri para nós o ofício de tutora até ao tempo predeterminado pelo Pai (2Cel 198).
Frei José Soares OFMCap

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